quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Ser integral ou não? Eis a questão...

Nos dias de hoje parece que «o que é nacional é bom» se transformou em «o que é integral é bom», crença que leva muitas pessoas (em especial as mulheres) a ficarem desesperadas e sem perceber porque engordam, em vez de emagrecerem, já que nem comem pão.
A falsa ideia de que o pão engorda, aliada ao facto de se saber que a fibra é essencial ao bom funcionamento intestinal e dá uma sensação de saciedade, é utilizada por fabricantes de bolachas e de outros produtos de pastelaria de forma abusiva e enganadora.
São às dezenas as embalagens de bolachas com grandes títulos que enfatizam a presença de fibra, com a palavra «integral» destacada, como que a prometer «comam bolachas e sejam magros»!
Mas o que os fabricantes não dizem é que, para além da fibra (que nem sempre é tanta assim), as bolachas são riquíssimas em gorduras vegetais hidrogenadas e em açúcar (também chamado de açúcar amarelo, açúcar invertido, xarope de glucose, frutose, etc.).
Vamos analisar o rótulo de umas «bolachas integrais com maçã», quer em relação à lista de ingredientes, quer em relação à informação nutricional. De referir que este é apenas um exemplo, mas as diferenças entre as várias marcas são mínimas.
Na lista de ingredientes encontramos, por ordem decrescente, os ingredientes que serviram de base para fabricar as bolachas:
  • Farinha de trigo integral.
  • Gordura vegetal hidrogenada (o segundo ingrediente; ou seja, o que aparece em maior quantidade logo após a farinha).
  • Farinha de trigo enriquecida (em vitaminas e minerais).
  • Açúcar amarelo.
  • Açúcar invertido.
  • Sumo de maçã em pó (1,3%; ou seja, uma quantidade ínfima).
  • Leite em pó magro.
  • Fibra alimentar (inulina).
  • Levedantes (hidrogenocarbonato de cálcio e de amónio).
  • Sal.
  •  Aroma idêntico ao natural.
Vamos agora esmiuçar nutricionalmente 100 g dessas bolachas.
Imagine que, ao longo do dia, come um terço do pacote destas bolachas (aproximadamente 100 g) - o que não é difícil de acontecer. Pois bem, nessa quantidade de bolachas existem 479 calorias. 
Se está a fazer uma dieta de 2000 calorias, por exemplo, veja o que representam estas bolachas. São quase um quarto das calorias que pode comer ao longo do dia e ainda deve contabilizar os lacticínios, a fruta, a carne/peixe, arroz/massa, legumes, etc.
Para ingerir essa quantidade de calorias teria que comer mais de 4 carcaças simples. Uma carcaça pesa 45 g e tem cerca de 110 calorias.
Após comer 100 g de bolachas terá ingerido 2 g de fibra, o que é muito pouco, tendo em conta a recomendação de consumo de 20-35 g de fibra diariamente.
Se precisássemos das bolachas integrais para obter a fibra recomendada teríamos que comer alguns pacotes por dia... e a que preço, para a carteira e para a saúde! 
Outras marcas apresentam teores de fibra, por 100 g, maiores (até 6-8 g), mas a quantidade de gorduras e, em alguns casos, de açúcar, que essa fibra arrasta não justifica que se comam bolachas para obtenção de fibra.
Uma alimentação que contenha fruta, legumes e vegetais, sopa, pão de mistura ou integral e/ou cereais prontos a consumir com fibras e leguminosas fornecerá a quantidade de fibra necessária ao seu corpo. 
Ao analisar o rótulo das bolachas vemos que têm 22,2g de gordura por cada 100 g de produto. Veja só que o pão, se não lhe adicionar manteiga, margarina ou outro alimento qualquer, possui menos de 2 g de gordura. Isto só vem provar que não é o pão que engorda, mas sim os alimentos que o acompanham.
Com isto não se conclua que não se deve comer bolachas, pois se o fizer com conta, peso e medida, não terá qualquer problema. 
Lembre-se apenas que não são tão leves como parecem (pelo menos em termos de calorias) e que, dada a facilidade com que se comem, podem ser uma armadilha para a linha.
E uma coisa é gostar das ditas bolachas, outra coisa é achar que são melhores que o pão. Isso, nunca!

Sem comentários:

Enviar um comentário